E se...

... o tempo estivesse assim ontem, será que ía mais gente votar? Quero acreditar que não, que não é o factor "tempo" que impede alguém de exercer este direito e sobretudo este dever.

Mais que o resultado, o que me surpreendeu deveras neste referendo foi a passividade das pessoas. Quase toda a gente tem uma opinião formada sobre o assunto em questão mas só uma minoria decidiu mostrar através do voto a sua posição. E mesmo os que não tinham opinião deveriam ter ido; é para isso que existe o voto em branco.

Só uma vez não pude votar. Não me lembro bem em que eleições foram nem o porquê de não o ter feito mas recordo-me perfeitamente o mal que me senti de não ter participado. Sentir que se decide algo no país e na sociedade em que vivo sem a minha participação, fez-me sentir marginalizada, à parte... Muitos pensam "é só um voto e mesmo que eu não vote isso não altera nada". Quis acreditar nisso na altura de modo a sentir-me melhor, mas não consegui. E nem que chovessem navalhas eu deixaria de ir votar. Por isso não compreendo quem (sem um motivo forte) não vota. E o mais engraçado é que muitas vezes são estes que protestam que o país está mal, que os politicos não prestam, etc. etc.

Quanto ao resultado, espero que algo mude realmente. Ganhou a opção que eu também votei. É complicado e não é de um dia para o outro, mas quero acreditar que algo realmente vai mudar nesta realidade que é o aborto clandestino e que muitos fingem não existir.

Por último, continuo a não perceber o porquê da Igreja achar que tem uma palavra a dizer sobre este assunto, não lhe reconconheço qualquer legitimidade para emitir juizos de valor e muito menos para condenar seja quem for. Usar as missas para fazer campanha além de ser pecado, devia ser também crime.