A parte má (post looooooongo)

No seguimento de uma semana difícil, tivemos então um fim de semana terrível.

Durante uns dias pensávamos que era dos dentes, até que na 6ª feira ela vomitou. Hoje sei que isso foi uma coincidência e não teve nada a ver com o resto, mas na altura preocupou-nos e resolvi contactar a pediatra. Esta até é uma gaja porreira, como já disse várias vezes. Disponibilizou um nº de telemóvel para o caso de precisarmos de alguma coisa. Já tive situações em que me apeteceu ligar, mas resolvemos que só no caso em que estejamos mesmo aflitos é que lhe ligávamos. E foi o que fiz. Acontece que liguei várias vezes e ela não atendeu. Falei com uma amiga cuja filha é também seguida por ela, que me disse que das vezes que lhe enviou SMS's ela respondeu sempre. E assim o fiz. Enviei um e não me respondeu...

Ficámos assim.

Entretanto a Leonor, não parecia nada bem. Continuava muito chatinha e pior, com um choro desesperante. Tinha momentos em que estava bem e do nada rompia num gritaria horrorosa. Vimos logo que aquilo não era choro apenas de dentes. Ela contorcia-se imenso com dores e parecia que vinham da zona abdominal. No Sábado resolvemos que se ela não melhorasse, iríamos ao hospital. Depois de uma noite má, Domingo, às 6.30H da manhã liguei para o Saúde 24. Descrevi o quadro e a enfermeira disse para esperar mais umas horas e para tentar entrar em contacto com a pediatra. Se a Leonor não melhorasse, para ligar novamente. Disse "sim, sra. enfermeira, com certeza, nós esperamos." No minuto seguinte estávamos a entrar no carro para irmos ao hospital. Falam muito bem do Saúde 24, mas sinceramente as experiências que tive não foram muito boas. Logo da 1ª vez que liguei (e única até ontem), tentaram auscultar a Leonor através do telemóvel...enfim...

Resolvemos ir à Estefânia porque ainda era muito cedo e a CUF ultimamente tem estado sempre a abarrotar. Foi uma decisão acertada, estavam apenas 2 pessoas. Fomos logo chamados e o pediatra que a atendeu verificou que ela tinha muitos gases e suspeita de otite. Foi vista por uma otorrinolaringologista mas não se confirmou otite nenhuma. Novamente no pediatra, ele recomendou que fosse fazendo massagens e tentar tirar os gases com o tubinho de bebégel cortado.

Fomos para casa.

Durante o dia esteve sempre incomodada e com ataques de choro desesperantes: Já há dois dias que não fazia cocó (o que não é nada habitual) e eram umas 16H fiz-lhe um bebegel, que normalmente é muito eficaz. Passaram-se algumas horas e não fez efeito. E o choro era cada vez mais forte. Às tantas não aguentámos mais e voltámos à Estefânia. Eram umas 19H. Liguei a caminho para o Saúde 24.

Expliquei o que se passava e que a colega me tinha dito de manhã para voltar a ligar, caso a Leonor não melhorasse. Não disse que tinha ido ao hospital de manhã. Descrevi novamente o quadro e ela recomendou então que fosse para a urgência (mesmo que ela não o fizesse, já estávamos a caminho).

Desta vez, e talvez por causa da hora, as urgências estavam cheias de gente, mas como lá tínhamos estado de manhã, fomos logo chamadas; novamente na triagem e depois fomos chamadas para a consulta. A médica era muito novinha, parece-me que era estagiária. Aliás, aquele hospital estava cheio de estagiários. Ela observou a Leonor e mais uma vez, percebeu que estava cheia de gases. Eu estava tão saturada e desesperada pela aflição da miúda que sugeri obstrução no intestino por causa da obstipação e da ineficácia do bebegel. Ela mandou fazer um raio-x. Fomos fazer e voltámos ao consultório. A médica viu então que não havia obstrução mas que ela estava cheia de fezes e gases. Enviou-nos para a sala de tratamento onde com uma sonda, iriam tentar que saísse alguma coisa. A enfermeira que fez essa operação com a sonda não conseguiu tirar nada. Disse que possivelmente as fezes estariam muito subidas. Saiu da sala e foi falar com a médica. Voltou e disse que iria pôr um bebegel. Expliquei que já o tinha feito à tarde e que não fez efeito. Ela disse que podia ser que agora fizesse. Não acreditei, mas pronto, em princípio eles sabem mais que nós...

Esperámos quase uma hora e nada. Voltei ao gabinete da médica, que entretanto já tinha ido embora. Estava lá uma médica de meia idade e expliquei tudo outra vez. Disse para ir buscar a radiografia, mostrei-lhe e depois de saber todos os passos até ali, demonstrou interesse e preocupação, coisa que até então (e que me desculpem os estagiários), não vi. Observou a Leonor disse-me que ia tentar reolver ali a questão, se não resultasse ela teria que ir para a Cirurgia. Não sei o que lhe iriam fazer lá, mas só a palavra "Cirurgia"... Até nos arrepiámos.

Foi buscar as "ferramentas" todas e tentou novamente com a sonda estimular o intestino. Não estava a dar grande resultado, pois pelos vistos as fezes além de estarem subidas eram bastante pastosas (espero que não esteja ninguém a comer enquanto lê isto:). Masssajou a barriga, pressionou, calcou, fez uma força enorme e finalmente lá começou a sair porcaria. Escusado será dizer que a Leonor gritava, chorava... coitadinha, era cansaço, era dor, era sono, era fome... ainda sofreu um bocadinho, a minha menina.

Comentei com a médica, que a enfermeira há pouco não tinha conseguido tirar nada e ela lá disse que como ainda eram muito novas, não tinham tanta experiência e não insistiam muito.

Depois disto, ainda lá ficou alguma coisa, mas a Leonor já tinha sido tão massacrada que a médica optou por não insistir mais. Notei naquele momento o enorme alívio da minha bebé, apesar da tortura que tinha passado.

Tentei saber quais as causas disto ter acontecido e a única explicação que encontrei foi a introdução do feijão verde na sopa. Começou na 4ª feira passada a comê-lo e deve ter sido isso. Aparentemente isso causa-lhe obstipação. Será? A médica disse que era possível.

Fomos para casa, 4 horas depois, cansados mas mais aliviados. A noite já foi melhor. Hoje a sopa será apenas com legumes que não prendam o intestino (e que ela não fez reacção) e carne.

Só espero que o intestino dela normalize...se temos que passar por isto outra vez...