Brasil

A propósito deste post da Ana, lembrei-me de falar de uma viagem que fiz ao Brasil. Foi em 2004, em trabalho (de vez em quando calham-me uns "sacrifícios" destes) e foram 12 dias onde conheci dois extremos deste país.

Antes de ir, estava com alguma expectativa porque o Brasil faz parte do imaginário da maioria dos portugueses como um dos países que gostaria de ir um dia. Pela língua, pela proximidade e ao mesmo tempo pelas diferenças entre os dois povos. Eu estava expectante pelo que ia encontrar, mas... se fosse em turismo e bem acompanhada confesso que iria com mais vontade. Como foi em trabalho e ainda por cima sem a companhia certa, ia um pouco contrariada. Mas lá fui. Não sabia bem o que esperar, pois ouvem-se imensas coisas, de bom e de mau.

A primeira etapa: S. Paulo. Dois dias depois de lá estar, só me lembrava de Lisboa e de como mesmo em hora de ponta, parece um paraíso. Se cá se as pessoas se queixam do trânsito, certamente foi porque nunca ficaram presos num congestionamento em S.Paulo. Lá parece tudo muito normal e as pessoas já estão habituadas. O "normal" é estar 2/3 horas para andar 3 Km. Cá isto acontece quando há acidentes, lá é sistemático. Ah! e as pessoas que me acompanharam lá, disseram que havia alturas em que era bem pior. Acredito... É simplesmente claustrofóbico estar no meio de uma longa avenida, com 5 ou 6 vias para cada lado completamente congestionadas. O ritmo de vida é alucinante e muito rápido. Esperava encontrar aqui alguns sinais de criminalidade ou violência (derivado àquilo que se ouve) e tive algum receio, mas felizmente, mesmo nas vezes que saí á noite, nunca assisti a nada.

A segunda etapa, foi num ambiente completamente oposto. Minas Gerais. O sertão, as paisagens infinitas, as pequenas cidades isoladas e separadas por centenas de km. Neste Estado brasileiro o tempo passa devagar. As pessoas vivem devagar e a vida corre em câmara lenta. Quem viu novelas como o "Rei do Gado" ou outras passadas nas grandes fazendas e no sertão brasileiro pode ter uma ideia. Ao fim do dia, pelas 19/20h, já estava desejosa de ir dormir pois é um ambiente cansativo, não só pelos longos percursos que têm que se fazer (de carro ou a pé) mas a própria atmosfera é pesada. Parece que ali o tempo parou. As pessoas são muito simples, simpáticas, a gastronomia é boa, mas também um bocadinho pesada.

Gostaria de ter ido aos lugares turísticos como Rio de Janeiro e o Nordeste brasileiro, mas já não tive tempo.

Não sei se era país onde gostaria de voltar. Sinceramente, penso que não.

O balanço foi positivo; viajar é sempre bom e enriquecedor e eu adoro fazê-lo. Mas talvez por ser um puro Caranguejo (embora não dê muita importância à Astrologia), senti a falta de casa. Aliás, sinto isso sempre que vou para fora. Senti muita falta de Lisboa, a minha cidade, que é linda! E quanto mais saio do país, mais admiro o que temos cá dentro. E se é bom partir, ainda melhor é regressar.